29 dezembro, 2009

Abandono


Belo raio de luz que me ofuscou a visão. Ofuscação tal que passei apenas a ouvir o mar bravo, chateado com a terra. Levaram-me ao meio da noite, para o mesmo local. Sem luz, continuei a poder ouvir apenas o mar bravo, enraivecido. Mas desta vez sentia-lhe o suor da sua luta. Ouço-lhe o seu lamento. Ouço o vento, não me consegue alcançar. Apenas ouço o vento. Sinto o frio. Esse está em mim. Esse está na minha vida.


O meu livre pensamento, congelado ficou marcado pela luta do mar com a terra. Esse som, faz eco. Eco no meu lamento, que não te consegue alcançar. Encostado a parede, vejo a sombra mover-se em direcção aos meus pés. Sinto as lágrimas correr o meu rosto. Do choro faço um sorriso. E se ele morder digo adeus. Choro agora, porque quem me move, já não está. Foi para junto do mar e eu estou a ver a sombra. Ai, sombra… cobre-me.


Abro asas às lembranças, quando ouvia o mar tranquilo com a companhia da terra. Chora-se mais quando se ouve este mar. Furioso.



Um mundo desequilibrado pela tua ausência,
Loucura em tentar perdoar a terra.
Mar endurecido,
Lutará até moldar a terra.
Enquanto perdurar,
Vejo a sombra cobrir-me.


Uma profunda amargura…





Escrito por: Mr Justified
Música: Hoje - Abandono

27 dezembro, 2009

To Have And Not To Hold


Tiveste o meu coração,
Nas tuas mãos.
Tiveste o meu corpo,
Nos teus braços.
Tiveste os meus beijos,
Sempre que quiseste.

A minha atenção incondicional,
A minha dedicação,
O meu carinho,
A mim…

Tiveste,
Mas não seguraste!


Escrito por: Mr Justified
Música: Madonna – To Have And Not To Hold

26 dezembro, 2009

Family


Cada vez mais, penso que estou inserido num ambiente familiar que não me pertence. Vejo atitudes e pessoas tão diferentes de mim mesmo, que por vezes sou apanhado a pensar “serei mesmo filho destas pessoas?”, “serei mesmo irmão destas almas?” ou mesmo, “Estes são mesmo os meus avós?”.


Nunca senti qualquer tipo de orgulho em pertencer a esta casa, ou a esta família. O mais incrível é que sendo gay, teriam mais que motivos suficientes para me fazer a vida um inferno como é habitual em famílias espalhadas por este mísero pais, no entanto vivem pacificamente com essa ideia. Será por ignorância? Ou porque isso para eles realmente não importa? De qualquer maneira, o facto é que são duas peças que não tem qualquer parecença, nem qualquer tipo de possibilidade de encaixe.


Já ouvi, “tens que te esforçar mais”, “tens que tentar”, bla bla bla… Balelas! Eu é que o sou filho, eu é que sou o neto, não tenho que ser eu a tentar rigorosamente nada a mais do que me compete. Esgotadas essas hipóteses não posso, nem serei responsabilizado porque a minha família é totalmente disfuncional, muito menos pelas péssimas escolhas da minha mãe.
Sem falar na criatura a quem eu chamo de pai. Essa então…

Obrigado a todos vocês, família (é o vosso significado, segundo qualquer dicionário), por me fazerem odiar momentos de união como o Natal.


Posto isto, vou-me afastar deste núcleo destabilizador. Vou criar a minha família e fazer tudo por tudo para a manter unida, como uma verdadeira família deveria fazer.


Escrito por: Mr Justified
Música: Jem - 24

10 dezembro, 2009

Halla - The Devil Wicked Daughter - [Tainted Love]


Não pensou ser possível. Um ser tão retorcido como Lantea, conseguir conceber, multiplicar-se. Certo é que aconteceu.
Arrancou um braço e dele se formou a mais diabólica entidade. O seu pai ainda não se tinha regenerado e “Ela” já tinha massacrado duas almas.

Tudo nela foi feito para atrair. A predadora perfeita. Ela é o verdadeiro Amor hardcore. Degustou todas as más reminiscências do passado e fazia troça de todos os que se atreviam pisar no meu caminho.
Perigo era uma brincadeira para Halla.
Ela dizia:

Em tempos corri por ti… agora corro de ti…
Toca-me…
E depois vai-te para nunca mais te ver!

Certo dia, neste jogo melindroso, cruzou-se com dois caminhos a seguir. Um deles tomo-o como o mais sério. O outro não o levou a sério. Toca-me, Amor problemático, disse ela e seguiu pelo mais sério, até que as curvas do caminho a levaram a um beco sem saída. Enfurecida, queimou tudo à sua passagem e seguiu a sua vida indo pelo outro caminho, que inicialmente não tomou como sério.
Poderá ela ser crucificada, a filha do diabo, por fazer como melhor lhe satisfizer?
Seu pai cuspiu-a do covil. Acabou por morrer pelo seu Amor hardcore.
Será que ela se arrependeu?





Escrito por: Klaatu
Música: Marilyn Manson – Tainted Love

01 dezembro, 2009

My Lovely Mirror


Talvez, quando me vejo no espelho, compreenda o que lá é reflectido. Talvez quando me vejo no espelho consiga sentir o que o meu olhar vê. Talvez consiga compreender o que vejo, talvez sinta o reflexo.


Mas, esse espelho não me consegue mostrar o que está por trás da minha sombra… por trás do meu coração! Vejo mais uma vez, não entendo o que eu sou! Não é a mim a quem ele tenta mostrar…


Eu teria que compreender que o olhar do espelho me tentaria ensinar uma ou duas coisas sobre a clareza dos meus actos, no entanto abstenho-me dessa compreensão e permaneço consumido pela vontade, que os meus lábios facilmente fazem transparecer, em beijar-te.


Talvez seja fácil de entender. Talvez não. Mas olha-me novamente ao espelho. Ele já não me vê da mesma forma. Ele já não me sente da mesma forma. É demasiado para entender ao primeiro trago, por isso, saboreia-me novamente.


Pode ser que desta vez me consigas sentir, ou talvez não! Por isso deixo lá o resto do meu aroma nesse espelho para que dele sintas saudade e me voltes procurar. Assim certamente conseguirás conhecer-me!


Não me importo de alguma forma em levar comigo a tua dor, desde que contigo tragas sempre o meu olhar, para que ele te mostre a felicidade que consigo ver no espelho quando me recordo de ti.


Talvez não saibas de cor os versos de um poema. Talvez me tentes impressionar. Esquece isso, permite-me apenas mostrar-te o meu espelho.

Observa-o!
É teu para ser visto!






Escrito por: Mr Justified
Música: The Gift – My Lovely Mirror